Pontos de vista!
Já vos aconteceu, ao olhar para pessoas da vossa idade, pensarem: não posso estar assim tão velho(a)?
– Estava sentada na sala de espera para a minha primeira consulta com um novo dentista, quando observei que o seu diploma estava exposto na parede.
Estava escrito o seu nome e, de repente, recordei-me dum moreno alto, que tinha esse mesmo nome.
Era da minha turma do Liceu, uns 30 anos atrás, e perguntei-me: poderia ser o mesmo rapaz por quem me tinha apaixonado na época?
Quando entrei na sala de atendimento, imediatamente afastei esse pensamento do meu espírito. Este homem grisalho, quase calvo, gordo, com um rosto marcado, profundamente enrugado… era demasiadamente velho para ter sido a minha paixão secreta.
Depois de me ter examinado o dente, perguntei-lhe se ele tinha estudado no Colégio Sacré Coeur.
– Sim, respondeu-me.
– Quando se formou?, perguntei.
– 1965. Por que pergunta?, respondeu.
– É que… bem… o senhor era da minha turma!, exclamei eu.
E então, aquele velho horrível, cretino, careca, barrigudo, flácido, lazarento perguntou-me:
– A Sra. era professora de quê?